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terça-feira, 5 de julho de 2011

O Cristão na Sociedade

Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns. Tudo faço por causa do evangelho, com o fim de me tornar cooperador com ele.” (1 Co.9.22,23)

Ruth A. Tucker, em Seu livro: Até os confins da Terra, escreveu: “Talvez ainda mais significativo do que a evangelização conduzida pelos pregadores leigos foi o testemunho informal que se manifestava através da vida diária dos crentes. "Nessa época, todo, cristão era um missionário," escreveu John Fox em seu clássico Livro dos Mártires. "O soldado tentava ganhar recrutas para o exército celestial; o prisioneiro procurava levar o carcereiro a Cristo; a menina escrava sussurrava o evangelho ao ouvido de sua senhora; a jovem esposa pedia ao marido para ser batizado a fim de que suas almas não se separassem após a morte; todos os que haviam experimentado a alegria de crer tentavam atrair outros para a fé.” (TUCKER, 1986).
A propagação do evangelho no Brasil tem ocorrido através de projetos evangelísticos, grandes ou pequenos, traçados pelas igrejas locais que seguem ou criam métodos de levar objetivamente a mensagem aos não convertidos. Contudo, ainda que seja legítima tal iniciativa, a preocupação com “projetos oficiais” da igreja tem substituído a ênfase no testemunho diário e ativo do cristão em meio à sociedade.
Deus tem chamado pessoas de diversas ocupações na sociedade, do mais pobre ao mais rico, do simples e tranqüilo trabalhador rural ao corrido e agitado homem da cidade grande. São: professores, médicos, donas de casa, estudantes, motoristas, comerciantes, pedreiros, advogados, faxineiros entre outras muitas ocupações. E, não obstante, terem o projeto missionário de Deus em suas mãos no dia a dia, eles dedicam-se a anunciar o evangelho somente nos “projetos oficiais” que suas igrejas elaboram. Dedicam-se ao trabalho durante 6 dias e entregam apenas 1 dia para aquele que fez todos os 7. Assim o indivíduo “está cristão” em vez de “ser cristão”. Sua identidade e atuação como cristão ocorre apenas quando está envolvido com as programações da igreja. Ele “vai à igreja” em vez de “ser parte ativa da igreja” no dia a dia. Nos demais momentos ele é uma pessoa como as demais, vivendo para si mesmo. Que desperdício de tempo e mão de obra!
Não foi isso que o Senhor Jesus ensinou e que os apóstolos transmitiram à igreja! Ao libertar um jovem possesso da escravidão do diabo, o Senhor Jesus diz: “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti” (Mc.5.19). O jovem queria se retirar de sua cidade, mas era exatamente lá, junto aos conhecidos e desenvolvendo seu trabalho diário, que aquele jovem seria testemunha do que Deus pode fazer na vida de um pecador perdido que se encontra com Cristo.
Não foi diferente com a igreja após o pentecostes. A igreja contava “com a simpatia de todo o povo” (At.2.47) no dia a dia, à semelhança de Dorcas que fazia “túnicas e vestidos” (At.9.39) para as amigas, testemunhando o amor de Deus em seu coração e mostrando que “mais bem-aventurado é dar que receber” (At.20.35). Contudo, hoje, o cristão tem sido incentivado a viver “fora do mundo”, em quatro paredes que insistem em chamar de igreja.
É exatamente onde você está, dentro da sociedade, que Deus lhe usará para que o evangelho da graça chegue aos olhos, ouvidos e coração daqueles que ainda não experimentaram a nova vida em Cristo. É necessário, portanto, que você mude sua cosmovisão exclusivista e institucionalizada e comece a contemplar o Reino de Deus. Disse Jesus em sua oração: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal” (Jo.17.15). Enquanto Deus guarda sua vida, você deve sal e luz no mundo (Mt.5.13-16). O Trabalho deixará de ser um modo de ganhar dinheiro somente, e você trabalhará, “fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado” (Ef.4.28), testemunhando a graça divina e mostrando que o evangelho mudou todo seu viver.
A sociedade precisa de médicos que trabalhem com amor, tratando os pacientes com dignidade, mostrando que acima de sua habilidade com a medicina está o poder de Deus para curar o que crê. A sociedade precisa de advogados que lutem pela justiça e que defendam o oprimido, mostrando que Cristo é Justo Deus e misericordioso salvador. A sociedade precisa de donas de casa que cuidem da família com zelo e amor, ensinando os filhos a integridade revelada na Palavra de Deus e educando a geração seguinte para ser uma geração comprometida com Cristo.
Projetos evangelísticos podem espalhar a boa semente, mas o “ser cristão” no dia a dia, dentro da sociedade é a forma Bíblica de se cavar, colocar a semente, adubar, regar e acompanhar o crescimento da Palavra de Deus no coração daqueles que viram o testemunho cristão, ouviram o evangelho e, então, passaram a experimentar a graça de Deus em seu próprio coração.

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