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sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Sede Santos!

porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (I Pe.1.16)

Creio que não precisaria falar aqui dos conceitos de “Santo” e “Santificação”, pois a maioria já ouviu falar, de ambos, diversas vezes, mas vou teimar em mencioná-los. Na verdade, nossa preocupação não está no conhecimento conceitual dos termos, mas em todas as implicações e aplicações para nossas vidas. No entanto, é bom lembrarmos, a fim de termos plena certeza, que todos estão cientes do que estaremos tratando. Há uma diferença grande entre esses dois conceitos. Mas antes de conhecermos a diferença entre ambos, vamos entender a fonte deles.

Na visão de Isaías, da glória de Deus, os anjos proclamavam que Deus é “Santo, Santo, Santo” (Is.6.3), ou seja, Santíssimo. Deus diz a respeito de si mesmo que “eu, o SENHOR, vosso Deus, sou Santo” (Lv.19.2). O salmista reconheceu a santidade de Deus proclamando: “Tu és Santo, entronizado entre os louvores de Israel” (Sl.22.3). O apóstolo Pedro apontou para a santidade de Deus ao exortar a igreja para ser santa “segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento” (I Pe.1.15).

Deus é Santo em todos os Seus atributos. Tudo quanto Ele faz é perfeitamente Santo. Todo Seu proceder é limpo, puro, perfeito, justo, amável, louvável, imaculado, verdadeiro, santíssimo. Mesmo depois de todos os adjetivos que oferecemos para apresentar uma imagem da santidade de Deus, sabemos que nossa compreensão limitada do eterno terá dificuldades para compreender a “largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade” (Ef.3.18) da santidade do Senhor. Para clarear nosso entendimento, expomos a cruz de Cristo. Veja o Cristo, ensangüentado, sofrendo, despido, ofendido, ridicularizado, açoitado, gemendo, morrendo horrivelmente numa cruz. Por que tudo isso? Por causa da Santidade de Deus! A temível e imensa Santidade de Deus exigiu a profundidade do sofrimento de Cristo. Cristo morreu naquela cruz para satisfazer a justiça de Deus, para tomar sobre si todos os nossos pecados, a fim de receber o castigo que, nós pecadores, merecíamos por afrontar a Santidade de Deus. Cristo estava removendo toda sujeira, mancha, iniqüidade, injustiça, mentira, impureza, vergonha de nossas almas. Para considerar-nos limpos e aceitos por Deus, foi preciso pagar o preço da Santidade de Deus. O tamanho da Santidade de Deus foi a proporção do sofrimento de Cristo.

Agora podemos fazer distinção entre os conceitos de “Santo” e “Santificação”. Cristo pagou nossas dívidas, “ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is.53.5). Ao realizar a tremenda obra da salvação, Jesus trouxe para o pecador arrependido, que o confessa como Senhor e Salvador (Rm.10.9), a Sua justiça. Cristo nos tornou santos perante o Deus Santo, sem sermos. A ira de Deus que “se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detêm a verdade pela injustiça” (Rm.1.18) foi aplacada pelo sacrifício vicário de Cristo. O sangue de Cristo nos purificou de todo pecado, tornando-nos alvos como a neve perante o Deus Santíssimo. Desta forma, Deus olha do céu, e vê no pecador remido o aroma suave de Seu Filho, o límpido sangue do cordeiro, as alvas vestes do servo sofredor do Senhor. Em um único ato, onde Deus “prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm.5.8), fomos considerados completamente limpos de toda dívida e por isso santos ao Senhor.

Cristo realizou a obra de justificação considerando-nos santos perante o Deus Santo. No entanto, Jesus não livrou-nos da natureza pecaminosa que habita em nós. Perante o juiz Santo e Supremo de toda a Terra, estamos livres de qualquer culpa, mas nossas vidas ainda estão marcadas com a inclinação para o mal. A obra de Cristo foi consumada (Jo.19.30), mas o grande projeto de Deus de recriar todas as coisas para Seu Filho, ainda está em andamento. Cristo abriu as portas que possibilitaram o início da recriação do mundo. Ao libertar-nos da escravidão do pecado, tornando-nos herdeiros e filhos de Deus pela adoção, Jesus possibilitou a concretização da obra recriadora de Deus.

Para dar andamento na obra recriadora de Deus, o Espírito Santo, que regenera o coração do homem conduzindo-o a Cristo, também inicia a obra da santificação na vida daqueles que estão em Jesus. Diferente da obra de justificação, que num só ato, nos considera justos e santos diante do Deus Santo, a obra de santificação é um processo longo que durará toda a nossa vida e que somente será completado quando Cristo vier em glória, trazendo esta mesma glória para Sua igreja que será transformada, para ser tal como Ele é. O Espírito Santo molda o caráter, santo e perfeito, de Cristo, em nossas vidas, através de Sua Santa Palavra. O mundo torna-se ferramenta para o desenvolvimento do processo de santificação, pois “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito.” (Rm.8.28). O mundo ao nosso redor, as tribulações, os relacionamentos, e todas as demais coisas, serão instrumentos de Deus para operar em nós Sua obra santificadora.

Aprendemos, então, que somos considerados santos por um ato de justiça do Senhor Jesus; e que somos alvos da santificação numa operação diária do Espírito Santo, moldando-nos ao caráter de Cristo, o varão perfeito, através das Sagradas Escrituras.

Conforme mencionamos no início, nosso objetivo é traçar as implicações e aplicações do conhecimento destes dois conceitos:

Primeiramente podemos dizer que a justificação implica em certeza de salvação. O crente deve confiar na suficiência da cruz de Cristo, como poder de Deus para a salvação, que garante nosso galardão até o ultimo dia. Ao sermos considerados santos diante de Deus pelo sacrifício de Jesus, deixamos de ter qualquer dívida pendente e por isso a obra de Cristo é irrevogável. Paulo diz “que aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus.” (Fp.1.6), ou seja, a santificação está intimamente ligada à justificação, uma vez que fazem parte da mesma obra de recriação do mundo, que inicia na igreja.

Infelizmente ainda pecamos, e num desses deslizes que você cometer, corra apressadamente para os braços do Senhor Jesus confessando a Ele suas faltas na certeza que Ele é porto seguro, lugar para ancorarmos nossas ansiedades, medos, dúvidas e descansarmos confiando em Seu amor. Você está lutando para apresentar-se santo diante de Deus num gesto sincero de consagração. No entanto, seus esforços parecem vãos e a natureza pecaminosa que habita em você vence mais uma vez. Sozinho você não irá conseguir. Você precisa do agir do Alto, do operar do Senhor. É preciso entregar a Ele também a santificação, certo de que Ele é poderoso para vencer teu inimigo: sua própria natureza caída.

Deposite a fé nas promessas do Senhor que são verdadeiras. Não somos obras do acaso. Você não adentrou ao Reino de Deus por uma simples decisão própria, diante das circunstâncias que se estabeleceram em sua vida. A vida é poema de Deus e Seu amor eterno revelado na salvação individual, Sua obra prima. A infelicidade do pecado, o mundo que nos assedia e o diabo que nos persegue, não serão jamais suficientes para “separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm.8.39). Somos convocados a confiar a vida nas mãos do Espírito Santo, certos que estará completando em nós a obra recriadora de Deus.

Em segundo lugar, devemos entender que o projeto divino de salvar a criação, recriando todas as coisas, é santo, como Santo é o Deus que arquitetou. Por um ato Jesus considerou-nos santos e por um processo diário o Espírito nos Santifica. Todo o projeto de Deus aponta para a Sua santidade. Seu Reino presente entre nós, e os filhos deste Reino, devem ser igualmente santos. Sendo assim, devemos buscar “a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb.12.14). Cada tema da vida humana deve ser submetido ao crivo da santidade de Deus. Todas as áreas da vida: namoro, lazer, trabalho, estudo, casamento, relacionamentos fraternos, pensamentos, sentimentos, palavras, atitudes, culto, vida diária, devem ser marcadas pela santificação. A Palavra de Deus e o Espírito Santo devem determinar a forma como usufruímos e vivenciamos todas as coisas, de forma que “quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (I Co.10.31).

Ao acordarmos, logo nos colocamos de joelhos para agradecer as ternas misericórdias e apresentar a vida ao Senhor, num sentimento de completa dependência do agir do Espírito Santo para que vivamos aquele dia de forma santa e agradável. Cada pensamento, sentimento, palavra, atitude, escolha, são julgados pela Palavra de Deus e discernidos pelo agir do Espírito em nós. A vida é conduzida pela presença real e transformadora do Senhor, muito mais presente e marcante que a coluna de nuvem e de fogo que conduziram Israel no deserto durante o dia e a noite (Ex.13.22).

Ao terminar o dia, nos colocamos humildemente perante o Senhor pedindo perdão pelos pecados cometidos, confiando em Seu amor e obra. Descansamos nos braços de um Deus Santo, certos de que estamos sendo protegidos pelo “Guarda de Israel” (Sl.121.4) “que trabalha para aquele que nele espera.” (Is.64.4), “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef.4.13).

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