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domingo, 5 de março de 2017

A mais poderosa intervenção divina

Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro.” (Gn.11.7)


Não é preciso ensinar uma criança a mentir, ser egoísta ou mesmo roubar. Com poucos meses, mesmo sem muita articulação, ela tenta enganar os pais quando faz algo errado; nega compartilhar seus brinquedos com outras crianças; e, toma escondido o brinquedo dos amiguinhos. Sem a intervenção de uma boa educação, a criança segue seu caminho de pecados, pois “a estultícia está ligada ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela.” (Pv.22.15).

A boa educação dos pais, conduzindo a criança na Verdade, é uma intervenção graciosa, pois o filho poderia seguir seu rumo entregue a seus desejos pecaminosos, andando conforme sua própria vontade corrompida, tendo em vista que “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto” (Jr.17.9). Intervir na jornada de um filho é resultado do gracioso amor paterno que deseja que o pequeno pecador tenha uma vida abundante. E uma das maiores provas desse amor encontra-se na perseverança dos pais que muitas vezes lutam contra a má vontade dos próprios filhos, sem desistir de livrá-los dos erros e males.

Essa intervenção paterna é reflexo da imagem e semelhança divina que carregamos (Gn.1.26). A paternidade é um reflexo de Deus. Ele é o Pai e, criados à sua imagem, o imitamos. Jesus nos ensinou a orar dirigindo as palavras para o Pai (Mt.6.9); Paulo nos diz que, pelo Espírito de Deus, clamamos: Aba, Pai (Gl.4.6); Hebreus nos fala que como um pai educa seus filhos assim Deus nos disciplina como nosso Pai (Hb.12.4-9); Pedro lembra-nos que o Pai não faz acepção de pessoas; e, conforme João, estaremos para sempre com o Pai, reinando em glória (Ap.3.5,21; 14.1). Antes da queda, durante toda a história redentora e na eternidade, Deus se relaciona com seu povo como um Pai, acolhendo graciosamente suas pequenas criaturas.

O Senhor ama sua criação, sobretudo aqueles que ele escolheu desde a eternidade para serem seus filhos (Ef.1.3-14). Por isso, Deus, constantemente, intervém na história humana, a fim de impedir que o homem prolifere seus pecados, pois isto o conduziria à completa ruína. Após a queda de Adão e Eva, Deus manifestou sua primeira intervenção castigando-os, prometendo-lhes redenção e afastando-os da “arvore da vida” (Gn.3.22-24). Dessa forma, o Pai tratou seus filhos com graça e misericórdia, aplicando sua disciplina, “porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe” (Hb.12.6).

A paternidade divina se manifesta no jardim do Éden quando seus dois filhos desobedecem a Palavra de Deus. O Pai chama o homem e a mulher pelo nome enquanto eles se escondem conscientes de que pecaram contra o Senhor. Mas, em vez de ira e juízo, o Pai chama seus filhos para um diálogo disciplinador, repleto de mansidão, paciência, compaixão, bondade, misericórdia e graça. Adão e Eva são tratados como filhos que precisavam ser corrigidos, que precisavam de redenção. O amor que fora expresso na dádiva de todas as bênçãos presentes no jardim do Éden, revela-se, também, imutável permanecendo firme mesmo diante da desobediência dos filhos.

Mas, a necessidade de intervenção divina não se encerra no Éden. A longa jornada que o homem trilharia, a partir daquele dia carecia de uma constante ação de Deus. Algum tempo após a queda de Adão, Deus interveio na história humana outra vez. O homem multiplicou-se sobremaneira e com ele o pecado alastrou-se. Com tanta corrupção e violência, como os justos sobreviveriam na terra? Portanto, o nascimento do redentor prometido estava ameaçado, pois sem uma descendência santa, em que família nasceria o justo e justificador, o Filho de Deus, o Salvador? Por isso, Deus interveio por meio das águas do dilúvio, a fim de eliminar a vastidão de pecado que tomava conta da terra. Através de sua intervenção graciosa, o Senhor salvou uma grande família que se manteve íntegra, e preservou a linhagem santa por meio da qual o Salvador do mundo nasceria.

Todavia, nem mesmo o dilúvio foi suficiente para acabar com o pecado na terra. O homem recomeça a povoar o mundo e logo o pecado cresce, também. Por causa da dureza do coração, os homens se uniram a fim de construir uma grande torre (Gn.11.1-9), pois supunham que esta livraria a humanidade, caso o Senhor trouxesse o dilúvio outra vez (Gn.11.4). Por causa da incredulidade do coração, os homens não creram na promessa feita a Noé, por meio de aliança. Nem mesmo o arco-íris foi suficiente para lembra-lhes que Deus prometera não mais trazer dilúvio à terra. Tudo isto demonstrava que nenhuma intervenção externa seria suficiente para acabar com o pecado que havia entrado no mundo. O homem precisava de uma intervenção interna e somente o redentor poderia trazer justiça ao pecador e nova vida para o coração do homem caído (Rm.5.1; Gl.2.20).

A história redentora nos revela que o problema do homem se encontra dentro dele, desde seu nascimento. Essa verdade é fundamental para os pais, em todo o processo de educação de seus filhos, pois os direcionará para o alvo dessa educação: o coração da criança. Podemos mudar tudo a nosso redor, mas se não for mudado nosso coração, o pecado continuará dominando esse coração, ameaçando nosso viver. Mas, se o coração da criança for alcançado pelo poder da Palavra divina falando através do operar do Espírito Santo, então uma história de esperança se descortina perante o filho.

Nessa mesma perspectiva, deve o pastor pastorear a igreja visível. Seu olhar não deve estar sob uma instituição político-religiosa, mas sobre o corpo de Cristo. Seu propósito não é fazer uma denominação crescer, mas cuidar das ovelhas de Jesus. E seu maior obstáculo não será a escassez de dinheiro nem a deficiência na administração, o número de atividades eclesiásticas nem a dinâmica de cada uma delas. O maior desafio do pastor é o pecado no coração de cada ovelha e, portanto, seus esforços devem ser concentrados em um único propósito: conduzir as ovelhas em Cristo e a Cristo Jesus, por meio do fiel ensina da Palavra de Deus, em plena dependência do operar do Espírito Santo.

Cada geração da história redentora clamava a urgência do cumprimento da salvação divina. Mesmo sem saber, a humanidade suplicava pelo advento do Salvador. As inúmeras intervenções do Senhor na história humana parecem ser frustradas pelas gerações seguintes que persistiam no pecado. Nem mesmo espalhar o homem por meio da distribuição de línguas, a fim de retardar a proliferação do pecado foi suficiente para impedir a multiplicação do mal. Tudo isso, confirmava a necessidade de uma poderosa intervenção divina dentro do homem, conforme profetizou o profeta Ezequiel: 


Ezequiel 36:26-27  Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne.  27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis


Uma vez que as intervenções externas não eram suficientes, o Senhor chamou uma família para prometer-lhe o advento do filho por meio do qual seriam abençoadas todas as famílias da Terra (Gn.12.3). O Senhor chama Abraão de entre os pecadores (Js.24.2-3) e o separa de sua terra levando-o para a terra de Canaã. A linhagem do redentor é delimitada (filho de Abraão), tornando mais evidente a origem de toda esperança humana. E enquanto o mundo crescia em pecado, Deus estaria guardando Abraão e, também, sua descendência, para que a concretização da promessa redentora fosse preservada, pois somente o salvador prometido poderia retirar o pecado do mundo (Jo.1.29).

Somente Jesus pode oferecer graciosa e eficaz intervenção para livrar você e seus filhos de todo mal. Por mais que sua vida externa possa melhorar, somente Cristo pode mudar seu coração e dar-lhe paz com Deus (Rm.5.1). Portanto, a mais poderosa intervenção divina ocorre dentro de cada pecador. Quando Deus intervém em nosso coração, concedendo-nos a justiça de Cristo, por meio da fé no Salvador, então a força do pecado é vencida e “já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm.8.1). E esse novo status diante de Deus é, também, uma nova vida que possibilita o pecador dizer: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl.2.20).

Os pais precisam compreender a profunda necessidade que os filhos têm de terem o coração transformados. Todo bom ensino transmitido aos filhos será importante para moldar a vida deles ao que é bom. Mas, somente o Espírito Santo falando através da Palavra de Deus poderá transformar o coração dos filhos para que amem a Deus com todo seu ser e tenham todo prazer na vontade de Deus revelada a nós. Quando isso ocorre, o bom ensino é recebido pelo coração e mesmo que os filhos continuem sendo pecadores, o Espírito Santo estará guiando a vontade deles para que queiram fazer tudo aquilo que agrada a Deus.

Cristo realizou a mais poderosa intervenção divina, não com força ou violência, mas por meio de sua humilde morte na cruz. E tendo justificado o homem por meio de seu sangue, Cristo tornou possível uma nova e eterna vida ao pecador, enviando a nós seu Espírito Santificador. Os pais devem aprender com Deus a intervir na vida de seus filhos, a fim de que invistam naquilo que é mais importante: a transformação do coração. Para isso, é necessário gastar tempo em oração e ensino da Palavra do Senhor, confiando na eficácia do operar de Deus no coração.

Portanto, o alento para sua alma, a esperança para sua vida, o refrigério para seu coração e o perdão de seus pecados encontram-se na cruz de Cristo, a mais poderosa intervenção divina na história humana. Entregue tanto a sua vida quanto a vida de seus filhos ao Senhor Jesus e confie a ele todos os seus cuidados, pois Ele venceu os nossos inimigos, não somente externos a nós, mas, também, aquele que estava em nosso coração: o pecado. Ele é bom e poderoso para nos socorrer nas tentações e nos livrar das mais profundas angústias do coração. Confie, tudo a Jesus e Ele cuidará de vocês.

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