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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Uma jornada diferente

Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela.” (Mt.7.13-14)

A jornada do salmão é surpreendente. Na fase juvenil ele sai de seu lugar de origem, descendo o rio onde nasceu, e vai para o mar onde viverá a juventude e parte da fase adulta. Já adulto, o salmão dará início à sua jornada de volta às origens, a fim de procriar, concluindo, assim, seu ciclo de vida. Sua jornada de volta é cheia de obstáculos, nadando contra a correnteza do rio, despistando os predadores que aparecem pelo caminho. Desta vez, ele não estará mais descendo com o rio, mas subindo, desafiando assim a força da água que o empurrará para baixo o tempo todo.
O curso deste mundo segue naturalmente para baixo, como qualquer rio. E todo o que quiser chegar à foz, à parte mais baixa do rio, deve apenas se deixar levar pela correnteza. Não é preciso fazer grandes esforços para descer correnteza abaixo até se afogar nas profundezas do encontro entre o rio e o mar. Assim também, o mundo caminha em procissão sem saber para onde vai. A morte é a única certeza desta carreata, que leva consigo os perdidos, até que alguém seja despertado para o propósito de nadar contra a correnteza do mundo ao seu redor, a fim de subir em direção àquele que o criou para a Sua glória.
O pecado cegou o homem. O mundo diz: “É moda vestir calça preta”. Então, todo mundo passa a usar calça preta. O mundo mostra que é moda ter um celular novo. E o homem natural segue atrás, sem perguntar qual a razão, copiando os modismos que são propagados insistentemente. Desta forma, o mundo segue em procissão para o inferno sem perceber para onde está indo, sem conseguir sair deste caminho de morte.
E você, qual percurso está trilhando? Para onde você está indo? Já percebeu que pode estar indo com a multidão perdida?
Estávamos todos caminhando juntos à multidão que segue em carreata para o inferno. Até que um dia, o Senhor da glória, com Sua imensa graça, tocou em nosso coração, trocando-o por um coração de carne enquanto nos dava Seu Espírito para ouvir Seu chamado (Ez.36.26). Vendo-nos na multidão perdida, o Senhor nos chamou para fora e nos mostrou um caminho sobremodo excelente. Então, tendo ouvido e compreendido Sua voz, saímos de entre a multidão para começar outra jornada épica rumo à glória que só os vencedores herdarão.
Estávamos sendo levados pela correnteza, sem forças para lutar contra ela. Então, o primeiro milagre aconteceu. O Senhor nos arrancou da multidão. E despertados, percebemos que estávamos indo correnteza abaixo em direção à morte eterna. E, sem saber o novo caminho por onde deveríamos trilhar, o Senhor nos mostrou o CAMINHO, a VERDADE e a VIDA, que é Jesus, Senhor e Salvador daqueles que crêem. Por este belo caminho, saímos do meio da multidão.
A saída de entre a multidão é pedregosa. De um lado vêm as críticas, pois saímos da moda do mundo. Por outro lado vêm as ironias, pois deixamos de ser iguais à massa perdida. Portanto, os desafios começam cedo, procurando nos fazer desistir da nova jornada, que poucos irão trilhar com coragem até o fim (Js.1.7; Mt.7.14).
A jornada dura uma vida inteira. Nadamos contra a correnteza de um mundo pecador que não dá trégua. Quando todos dizem sim ao pecado, então dizemos não. Quando todos dizem não para Deus, nós dizemos: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is.6.8). Lutamos contra a massa sabendo que sofreremos, certos do risco de sermos “apedrejados” por aqueles que querem nos obrigar a percorrer o mesmo caminho de morte.
Ainda há tempo para você começar uma jornada diferente do mundo. A jornada cristã não é fácil, mas sua vitória é certa. Como o salmão é preciso nadar contra a correnteza que fará de tudo para nos arrastar junto com o restante deste mundo maligno. É preciso perseverar até o fim, vencendo os obstáculos, lutando contra os predadores que surgem no caminho.
Não desista de “lutar o bom combate do Senhor, tomando posse da vida eterna” (1Tm6.12). A recompensa para os que chegam é certa e como disse Paulo: “tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós” (Rm.8.18).


quarta-feira, 22 de maio de 2013

Simplesmente Criança


Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira alguma entrará nele.” (Lc.18.17)

Ainda que pecadora desde sua concepção, a criança transmite uma beleza singela: a natural fragilidade que a torna plenamente dependente dos pais. A indefesa criança passará vários anos aos cuidados de seus pais, sem qualquer possibilidade de cuidar de si mesma. Alimento, higiene, proteção, educação, disciplina e amor deverão ser administrados à criança, desde a mais tenra idade, para que ela cresça sadia e se torne um adulto saudável física, moral e espiritualmente; e possa um dia cuidar de outra pequena vida que será confiada às suas mãos.
Em determinado momento, após Jesus contar uma parábola sobre a perseverança na oração, algumas crianças foram, espontaneamente, ao Seu encontro para o tocar. À vista da espontaneidade delas, a despeito da proibição dos discípulos, Cristo ensina às multidões sobre a necessidade do homem se entregar a Deus de todo o coração como aquelas crianças que estavam ao seu redor (Lc.18.17). A singeleza da fragilidade daquelas crianças, vistas com certa indiferença pelos discípulos, se tornou um maravilhoso exemplo de como deve ser nosso relacionamento com Deus.
Despertado, então, pelas belas Palavras de Jesus, passo a observar minha filha desejando minha presença nos diversos momentos de sua vida, como se o pai fosse uma peça chave para sua alegria. Olho-a demonstrar a necessidade de minha companhia com rogos ternos e sedentos do amor paterno. Vejo sua carência de direção para acertar o caminho por onde deve andar, mesmo quando se nega a receber orientação. Contemplo sua fragilidade pedindo proteção contra a própria inclinação para o mal, diante das tentações de um mundo traiçoeiro. Então, me lembro que não sou diferente, pois do mesmo pó fui formado e em minha carne habita o mesmo pecado. Assim, me vejo nela, precisando do Criador, Senhor e Deus de minha pequena e frágil vida.
Diante da glória de Deus, me sinto uma criança, um filho carente do Pai que guia seus filhos “pelas veredas da justiça por amor do seu nome” (Sl.23.3). Perante a grandeza de Deus, percebo minha pequenez que realça a plena necessidade da graça e poder daquele que me fez à Sua imagem, para manifestar em minha pequena vida a grandeza de suas obras. Defronte a santidade do Senhor, é exposto todo meu pecado e, então, me sinto despido ante seus olhos sem poder esconder minhas transgressões. Por isso, corro para Cristo, a fim de me cobrir com seu manto de justiça e encobrir todas as minhas iniqüidades por meio do sangue do “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1.29).
Sem Cristo, não sei por que, ou para que existo. Sem Jesus, não sei viver e me sinto vazio, como se nada pudesse preencher o vácuo dentro de meu coração. Sem o amado da minha alma, sou “como o bronze que soa ou como o címbalo que retine” (1Co.13.1), “não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef.2.12). Sem o Verbo de Deus, que tudo criou para Sua glória, eu seria como uma criança abandonada, sem pai nem mãe, “sem lenço e sem documento”, entregue à sorte de uma vida perdida no pecado.
Sem Cristo, a vida se torna uma mera nuvem passageira sem direção, sem propósito, vagando na imensidão do firmamento, levada de um lado para o outro sem destino certo. Sem Jesus, a boca se abre, mas nela não se acha Palavra alguma que mostre ao perdido o caminho da salvação, que conforte o aflito com a esperança da vida eterna, que alimente o faminto com as Palavras do Senhor. As mãos se levantam sem propósito para lutar e sem razão para trabalhar, afinal a mera sobrevivência não dá significado aos esforços da vida.
Por esta razão, me entrego como criança aos braços do Pai, para que Ele me conduza com Seu terno amor. Não quero minha liberdade mortal, antes quero estar preso à graça divina e por meio dela ter a esperança da vida eterna. Desejo ser como criança, que se entrega aos braços do Pai para viver por Ele e para Ele, a despeito daqueles que procuram me impedir. Escolho a dependência eterna daquele que me fez para Sua glória, pois Ele me fará “ver os caminhos da vida; na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (Sl.16.11). Não ambiciono chegar à maior idade, na ilusão da independência de Deus. Almejo ser eternamente Sua criança, caminhando sempre ao ladoSeu. Quero ser apenas uma eterna criança na presença do Senhor, crescendo todos os dias no conhecimento de Deus, para o Seu louvor, mas nunca ousando sair de seus ternos braços de amor.

sábado, 4 de maio de 2013

A GLÓRIA DE DEUS


Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm.11.36)

Após a queda de Adão e Eva, Deus prometeu graciosa redenção. Mas, o pecado se multiplicou entre os homens, então Deus trouxe juízo sobre os ímpios e dispensou graça para a família de Noé. Mais à frente, o Senhor chama Abraão, Isaque e Jacó, fazendo-lhes promessa sobre a terra de Canaã e o descendente que abençoaria as nações. Depois de 430 anos, Moisés liberta o povo de Israel do Egito e passa 40 anos caminhando no deserto até morrer toda a velha geração. Josué é escolhido para fazer a nova geração de Israel entrar na terra prometida e recebe de Deus a vitória sobre os inimigos. Mais à frente, Rute, uma gentia, revela fé no Deus de Israel, assim como Tamar e Raabe o fizeram anteriormente, e recebe a benção de entrar na linhagem messiânica. Algumas gerações depois, Davi, descendente de Boas e Rute, vence um gigante, recebe a vitória sobre os inimigos e se torna o maior rei de Israel. Estas são algumas das histórias relatadas pela Bíblia. Os relatos são bastante distintos quanto ao tempo, personagens e enredo. No entanto, estas e todas as demais passagens Bíblicas têm um tema e propósito em comum: A GLÓRIA DE DEUS.
Há muito tempo, estudiosos do Antigo e Novo Testamento sugerem temas centrais para estas porções da Palavra de Deus. Os mais comuns são: o Messias, as promessas divinas, o Reino de Deus, as alianças, os ofícios (profeta, sacerdote, rei). A grande dificuldade de se firmar qualquer um desses temas como centrais é o fato de que nem todas as passagens apontam para eles. Por esta razão, a discussão permanece até hoje entre os estudiosos da Bíblia. Contudo, em todas as passagens das Escrituras é possível se encontrar outro tema que direciona o leitor na compreensão de cada texto, como uma chave hermenêutica: A GLÓRIA DE DEUS. Os membros da assembléia de Westminster compreenderam que o propósito da Palavra de Deus é glorificar o Senhor e, na Confissão de Fé de Westminster, disseram: “o escopo do seu todo [...] é dar a Deus toda a glória” (CFW I, V); ou, como afirmam no Catecismo Maior de Westminster: o “propósito do seu conjunto, [...] é dar a Deus toda a glória” (pergunta 4). Todos os temas propostos pelos estudiosos servem ao mesmo objetivo: A GLÓRIA DE DEUS; que pode ser percebido tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, unindo os textos Sagrados que apesar de diversificados possuem um único autor sobre todos os autores: DEUS.
Assim, fica mais fácil de se compreender os diversos textos das Escrituras, da criação de todas as coisas até o apocalipse. As batalhas não foram lutas quaisquer, entre pessoas ou nações, mas guerras travadas para defender a glória de Deus, pois o povo do Senhor carregava o NOME daquele que o escolheu. As bênçãos derramadas por Deus sobre Seu povo também são mais que dádivas graciosas, são instrumentos para glorificar o NOME do Senhor, mostrando que “a bondade de Deus dura para sempre” (Sl.52.1) e a “sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem” (Lc.1.50). Da mesma forma, servirão ao propósito de dar a Deus toda a glória tanto o novo céu e a nova terra, para onde irão os “vasos de misericórdia, que para glória preparou de antemão” (Rm.9.23), quanto o inferno para onde vão os rebeldes, “os vasos de ira, preparados para a perdição” (Rm.9.22).
A presente geração cristã tem um grande desafio: deixar de olhar para si mesma e buscar a glória de Deus. Ou seja, precisa abandonar o humanismo pagão e centrar toda sua cosmovisão na glória de Deus. A vida cristã gira em torno da glória do Senhor: as orações, as ações, as pregações, as programações, a evangelização, a teologia, os relacionamentos. Como Paulo, “assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração” (1Ts.2.4), mostrando ao mundo que tudo foi criado para a glória de Deus.
Desta forma, gostaria que você, leitor da Palavra de Deus, lê-se a Bíblia sempre pensando em como o texto quer conduzir você até A GLÓRIA DE DEUS, lembrando sempre que “somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef.2.10), afinal tudo fora feito por Ele, “porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm.11.36)