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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Coração eternamente grato


Rendei graças ao SENHOR, porque ele é bom, e a sua misericórdia dura para sempre.” (Sl.107.1)

As Escrituras contam os feitos heróicos de grandes homens que venceram obstáculos, alguns intransponíveis, ao buscarem e confiarem no poder de Deus. Após a vitória, eles contam com gratidão as bênçãos do Senhor, reconhecendo que toda boa dádiva vem de Deus, criador e sustentador da criação, pois “desde a antiguidade não se ouviu, nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera.” (Is.64.4).
O cristão deve dar graças pelo pão de cada dia, pela água que alivia a sede, pelas roupas que cobrem a nudez, pela casa que abriga do temporal, pela cama que torna as noites confortáveis, pelas vezes em que o Senhor o livrou do mal etc. Mas, as bênçãos do Senhor são incontáveis, pois permeiam toda a vida, da fecundação à morte, de uma a outra manhã e acompanham a vida do cristão por toda a eternidade. Muitas provisões divinas passam despercebidas e algumas delas somente são notadas quando o cristão pára para refletir na providência divina que cerca todas as áreas da vida humana.
Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1Ts.5.18). Um simples gesto de gratidão reflete alguns valores como a humildade e a fé. A humildade, para reconhecer o auxílio recebido, admitindo a bondade e poder divinos que atuam na vida daqueles que o buscam, ou seja, a aceitação da não autossuficiência da vida humana, tão frágil e carente. A fé, convicção de que a vida não é obra do acaso nem as conquistas frutos da própria força, mas tudo vem do Senhor, “pois Ele é benigno até para com os ingratos e maus” (Lc.6.35).
Porém, qual a melhor forma de agradecer a Deus pelos muitos benefícios que dispensa ao Seu povo? Como Deus quer que Seu povo o agradeça por todas as bênçãos derramadas cotidianamente (Sl.116.12)?
Palavras nem sempre revelam a sinceridade do coração. Por isso, diz o livro de Eclesiastes: “Melhor é que não votes do que votes e não cumpras” (Ec.5.5). As palavras devem ser acompanhadas de ações que revelem a veracidade dos sentimentos e pensamentos. Perguntou Jesus aos escribas e fariseus: “E que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Chegando-se ao primeiro, disse: Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Ele respondeu: Sim, senhor; porém não foi. Dirigindo-se ao segundo, disse-lhe a mesma coisa. Mas este respondeu: Não quero; depois, arrependido, foi. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo” (Mt.21.28-31). Desta forma, o cristão agradece ao Pai não somente em suas orações, mas em gestos diários que revelam sua gratidão permeada de amor pelo Senhor que em tudo o tem abençoado.
No entanto, os gestos de gratidão não devem ser meramente obrigatórios. Tenha prazer em Deus, alegria de estar em sua presença, desejo pelo encontro com o Senhor. O culto é o espaço do agradecido, que tem em seu coração as alegres lembranças de tudo que Deus tem feito em seu favor. Os cultos são mais que rituais mecânicos repetidos todas as semanas para aglomerar os membros da igreja. O culto é momento de adoração, de encontro com Deus que graciosamente se faz presente no meio de Seu povo para com ele ter comunhão, assim como no Éden Deus saía ao encontro de Adão e Eva pela viração do dia (Gn.3.8). O cristão diz a si mesmo, com veemência: “Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga ao seu santo nome. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças de nem um só de seus benefícios.” (Sl.103.1,2).
Além do reconhecimento tributado em forma de culto sincero ao Senhor, a gratidão se expressa em serviço àquele que livra a alma humana da morte eterna. Com prontidão e satisfação, o cristão responde ao chamado de Deus, dizendo: “Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is.6.8). Após ofertar seus bens para o Templo de Deus, Davi disse ao Senhor: “Bem sei, meu Deus, que tu provas os corações e que da sinceridade te agradas; eu também, na sinceridade de meu coração, dei voluntariamente todas estas coisas” (1Cr.29.17). Seu coração grato diz: “Quero Te servir, Senhor, quero mostrar minha eterna gratidão por Teu amor demonstrado na cruz do calvário quando Teu Filho aceitou morrer em meu lugar. Quero fazer toda a Tua vontade, pois sei que meu amor é fruto de Teu amor por mim, pois me amaste primeiro”.
Certo de que nem todas as palavras do mundo serão suficientes para agradecer a Deus por todos os benefícios dispensados, o cristão procura demonstrar seu grato amor em serviço diário e constante realizado com alegria. Enquanto demonstra sua gratidão, os lábios se regozijam em louvá-lo, contando a todos as maravilhas divinas e o imensurável amor de Deus demonstrado por Seu Filho Jesus que viveu, morreu e ressuscitou pelo Seu povo. E mesmo que a vida seja cercada de trevas e “ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado” (Hc.3.17), o cristão louva a Deus, pois Sua graça é melhor que a vida (Sl.63.3) e como Habacuque ele se alegra no SENHOR e exulta no Deus de sua salvação.
Sendo assim, hoje mesmo “rendei graças ao SENHOR, invocai o seu nome, fazei conhecidos, entre os povos, os seus feitos. Cantai-lhe, cantai-lhe salmos; narrai todas as suas maravilhas. Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam o SENHOR.” (Sl.105.1-3)

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Sede e Fome de Deus


Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó Deus, suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando irei e me verei perante a face de Deus?
(Sl.42.1-2)

É proclamado um jejum na igreja e todos concordam em passar um período se abstendo de alimentos enquanto oram por questões bem definidas. Neste período, um dos irmãos, meditando nas Escrituras, abre a Palavra de Deus no texto de Isaías, capítulo 58, versículos 5 a 7 que diz: “Seria este o jejum que escolhi, que o homem um dia aflija a sua alma, incline a sua cabeça como o junco e estenda debaixo de si pano de saco e cinza? Chamarias tu a isto jejum e dia aceitável ao SENHOR? Porventura, não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da impiedade, desfaças as ataduras da servidão, deixes livres os oprimidos e despedaces todo jugo? Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (Is.58.5-7). E, querendo fazer a vontade do Senhor, o irmão se pergunta: Por que, em pleno jejum, Deus fala de repartir o pão?
O jejum em Israel tinha se tornado uma simples tradição, um ritual não refletido. Eles viviam em pecado, sendo injustos, imorais, violentos, desprezando os necessitados etc. e quando precisavam de livramento divino praticavam o jejum ritual sem, contudo, abandonar o pecado, pois a mente estava cauterizada. Fizeram a associação errada: “Para agradar a Deus, basta cumprirmos os rituais que Ele nos mandou e, então, tudo estará bem”. Quando eram castigados, associavam o castigo à falta de rituais e não conseguiam ver neles mesmos os pecados que afrontavam vergonhosamente o Senhor. Deus exorta Israel a buscar a santidade, uma vida consagrada completamente a Deus em sentimentos, palavras, pensamentos e ações. Como diz o profeta Miquéias: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq.6.8).
Jejum é SEDE e FOME de Deus. É Desejo intenso pela presença do Senhor é busca insaciável pelo Deus vivo, anelo por estar diante dEle, pois “na tua presença há plenitude de alegria, na tua destra, delícias perpetuamente” (S.16.11). O apaixonado perde a fome diante da amada, pois tão grande é sua aspiração pela presença da querida e sua vontade de desfrutar de cada minuto com ela que a comida é esquecida e a bebida ignorada. Nada mais importa para os apaixonados, pois tudo o que eles mais querem é estar um com o outro se alegrando com as delícias do amor. Jejum é SEDE e FOME por Deus. Desejo ardente de corações apaixonados pelo Deus vivo. Jejum é preferir um só dia na presença do Senhor que mil em qualquer outro lugar (Sl.84.10). E, na presença do Senhor, quem pensará em comida ou bebida? Como ter fome estando diante do Deus da glória que alimenta nossa alma com Sua Palavra e nos sacia a sede eterna por meio de Seu Espírito? Nada mais importa quando se desfruta da graciosa presença do Senhor e se regozija nas delícias de seu eterno amor.
Proclame um jejum para a igreja, para a família, para o coração: Todos devem ter fome e sede de Deus! Todos devem buscá-lo insaciavelmente nas Escrituras, nas orações, nos cultos! Que todos larguem seus afazeres e se dirijam à presença de Deus, que disse: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt.18.20). Deixem que o corpo não sinta vontade de comer, que a mente despreze naturalmente as coisas desta vida, por tão grande desejo de andar com Deus, ouvir Sua doce voz e derramar a alma na presença do Senhor. Pois, que adianta passar 40 dias e noites sem comer nem beber, mas permitir que o coração sacie seus desejos carnais com os pecados deste mundo que jaz no maligno (1Jo.5.19)? O verdadeiro jejum é abstinência deste mundo pecador, é movimento em direção a Deus. O saciar da alma com a Palavra de Deus e o enchimento do Espírito Santo produzem um jejum do pecado, distanciando o pecador do mundo enquanto o aproxima de Deus: “andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl.5.16).
Deus te convoca para um santo jejum: “Buscai a minha presença” (Sl.27.8). Então, amando “o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento” (Mt.27.37) dirás: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo.4.32) e ainda preferirás “estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade” (Sl.84.10), pois o verdadeiro jejum é ter SEDE e FOME do DEUS VIVO.