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domingo, 21 de julho de 2013

O ministério do Espírito Santo

No princípio, criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas.” (Gn.1.1-2)

Quando “no princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn.1.1), o Espírito de Deus estava presente, pairando por sobre as águas, participando ativamente deste maravilhoso projeto de Deus: a criação. Quando o Senhor disse: “Haja luz”’ (Gn.1.3), o Espírito Santo estava lá, na terra ainda “sem forma e vazia” (Gn.1.2), acompanhando todos os atos criativos de Deus durante os seis dias, no fim dos quais “viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn.1.31). Desde, então, o Espírito do Senhor tem estado presente participando da sustentação de todas as coisas (Gn.6.3).
Naqueles dias, Deus criou todas as coisas visíveis e invisíveis, passadas, presentes e futuras (Mt.25.34; Hb.4.3; Cl.1.16; Ef.1.4; 1Pe.19-20; Ap.13.8; 17.8) e amou sua criação a qual chamou de muito boa. Por este amor, o Senhor prometeu a redenção ao homem por meio daquele que pisaria a cabeça da serpente (Gn.3.15). Mas, o que Adão e Eva não sabiam é que esta redenção seria realizada por meio do sacrifício do Filho de Deus. Além disso, não lhes fora revelado que o Espírito do Senhor estaria ativo em todo o processo redentor, desde a conversão do coração do homem. O amor divino é aplicado à vida do pecador por meio da manifestação do Espírito Santo que opera eficazmente em seu coração, fazendo com que este nasça do alto, a fim de entregar a vida para Jesus, Senhor e Salvador de todo aquele que nEle crer (Jo.3.1-7).
Alguns milhares de anos se passaram desde a criação até os dias do cativeiro de Judá. Durante estes muitos anos, Deus mostrou seu poder e graça, sua santidade e justiça, por meio de um povo que escolheu para si, a fim de manifestar nele a sua glória. Contudo, a Lei de Deus se mostrou ineficaz para quebrantar o coração endurecido da nação (Rm.8.3). Por isso, geração após geração, os pecados de Israel se multiplicaram, e Deus levantou profetas que apontaram os pecados do povo, chamaram ao arrependimento e anunciaram o juízo para os rebeldes (Is.1-5). Todavia, os profetas foram mortos e a mensagem desprezada, fazendo com que o povo acumulasse seus muitos pecados diante de Deus até chegar ao limite da iniquidade da nação.
Então, o castigo de Israel se tornou inevitável, e tanto as tribos do norte são destruídas pelo império Assírio quanto as tribos do sul, Judá e Benjamim, são levadas para o cativeiro, tendo suas cidades destruídas pelo império babilônico. Parecia o fim para o povo de Deus e para o cumprimento do projeto redentor prometido pelo Senhor. Teria Deus se esquecido de suas promessas? Não, em hipótese alguma! Tais eventos históricos eram o caminho que preparava o povo para a chegada do Messias.
Apesar do caos que alcançou o povo de Deus, deportado para o meio de uma nação pagã, é nessa terra estranha que Deus revela mistérios de sua redenção: Somente o Espírito do Senhor poderia quebrantar o coração do homem, para que não mais estivesse endurecido diante do Senhor. A Lei não mudara a vida do povo de Israel, porque o coração deles estava endurecido. Somente o Espírito Santo poderia quebrantar o coração, gerando nova vida pronta para ser semeada com a Palavra da Verdade, a fim de produzir frutos de justiça para o Senhor. O Espírito do Senhor que havia participado dos atos criativos de Deus dando vida à criação também agiria poderosamente no coração do homem, gerando nova vida, uma vida capaz de desejar a presença do Senhor e buscar intensamente a vontade de Deus (Ez.11.19-20).
Estando Judá no cativeiro, Deus chama o sacerdote Ezequiel para profetizar a presença de Deus no meio de seu povo, mesmo em terra estranha. Os judeus deveriam confiar no Senhor que estava realizando uma maravilhosa obra de purificação da nação. Essa obra divina fazia parte do projeto redentor que se aproximava da consumação, e o povo precisava estar preparado para o advento do Messias prometido. Mas, por que o povo não dava ouvidos à Palavra do Senhor? Não foram poucos os profetas nem de pequeno valor a Palavra proferida por eles. Deus falara duramente apontando os pecados da nação enquanto os exortava a observarem a Lei do Senhor que os tornaria um povo santo diante de todas as demais nações (Dt.4.1-9). O que estava faltando para que o povo escolhido por Deus desse ouvidos à voz do Senhor? Por que as maravilhas operadas por Deus não eram suficientes para que a nação reconhecesse a glória daquele que os libertara com “mão forte”? (Ex.13.3).
O profeta Ezequiel recebe a resposta do Senhor, aguardada por tantos outros profetas antes dele. Todos sabiam que Israel era uma nação de coração duro, de “dura cerviz” (Ex.32.9; 33.3-5; Dt.9.6,13; 2Rs.17.14). Mas, lhes faltava o entendimento acerca da solução para este problema. O que Deus faria para formar um povo santo para si, um povo que amasse a Lei do Senhor? Deus responde para Ezequiel, revelando-lhe o ministério regenerador do Espírito Santo. Os milagres realizados por Deus perante o povo jamais converteriam o coração do homem, pois era necessário que o Espírito do Senhor manifestasse seu poder regenerador dentro do coração do pecador. Deus, então, promete que dias viriam quando o coração de seu povo seria regenerado, pois o Espírito tiraria de dentro deles o coração de pedra para colocar em seu lugar um coração de carne, coração novo movido pelo Espírito de Deus (Ez.36.26-27).
Em Ezequiel 37, Deus revela para o profeta uma visão análoga à realidade do povo. Por meio da visão Deus revela tanto o papel criador da Palavra e do Espírito de Deus que atuam juntos na geração e sustentação da vida quanto o papel regenerador dEles. Conforme a ordem do Senhor, o profeta Ezequiel profetizou ao Espírito para que concedesse vida ao exército que estava no vale de ossos secos (Ez.37). Então, o Espírito de Deus, “Autor e Conservador de toda a vida” (Nm.16.22), trouxe vida à multidão de corpos, aparentemente em perfeito estado, mas sem o fôlego de vida. A visão era uma referência ao estado de seu povo, criado por Deus, mas sem vida. Os judeus precisavam da obra regeneradora do Espírito Santo para que ouvissem a voz do Senhor e marchassem como um grande exército de Deus. Assim, o Espírito de Deus atua desde a criação do universo, sustentando a vida e, também, gerando nova vida nos amados por Deus “antes da fundação do mundo” (Ef.1.4).
Desde Gênesis 1, o Espírito de Deus sopra na história do povo do Senhor, presente na criação de todos os seres vivos, nos relacionamentos entre Deus e o homem, na capacitação daqueles que serão instrumentos na obra do Senhor, na santificação do coração humano pecador e na expiração das Escrituras Sagradas. No Novo Testamento, o Espírito envolve Maria fazendo-a conceber o Filho de Deus (Lc.1.35) e enche Izabel para que profetizasse sobre o Messias que estava por vir (Lc.1.41-43). Foi pelo Espírito de Deus que Jesus realizou os sinais e maravilhas (Mt.12.28) e no pentecostes o mesmo Espírito desceu sobre os discípulos de Cristo, capacitando-os para que fossem “testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At.1.8).
Sem o Espírito Santo não seria possível nem a vida nem muito menos a nova vida. Por meio dEle a igreja ora conforme a vontade de Deus (Rm.8.26-27) e prega com coragem e sabedoria a Palavra do Senhor (Mc.13.11). Cheios do Espírito Santo, homens viveram pela fé nas promessas do Senhor, “subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros” (Hb.11.33-34). Sem a presença do Espírito Santo nada disso seria possível. Por meio do Espírito de Deus, foi colocado no coração desses homens o imenso desejo pela vontade do Senhor, propósito de glorificar a Deus em todo tempo, consumando a obra que o Senhor confiou à suas mãos.
A triste imagem de um povo sem prazer na obra do Senhor, sem interesse pelo conhecimento de Deus, sem vida nas pregações e ensino das Escrituras, sem amor pelo Deus de toda glória, é consequência de uma vida sem a condução do Espírito Santo. É preciso “enchei-vos do Espírito” (Ef.5.18) e “andai no Espírito” (Gl.5.16), “para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm.12.2) “e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl.5.16). Cristianismo sem o Espírito de Deus é mera tradição religiosa.
Não se engane, a frieza e indiferença pelas coisas de Deus são fruto de uma vida sem a presença do Espírito Santo em abundância. Por isso, Paulo exorta os irmãos da igreja em Éfeso a buscarem o enchimento do Espírito Santo, adorando o Senhor, cantando Sua Palavra, buscando-o em todo tempo (Ef.5.18-20; 6.10-18). A vitória do cristão está em sua íntima caminhada com o Senhor. Portanto, não se conforme com uma vida meramente religiosa. Queira mais! Deseje uma vida cheia do Espírito de Deus e, então, clame ao Senhor que te concederá o Espírito em abundância (Lc.11.13), a fim de que tenhas vitória sobre o mundo pecador.

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