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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Desejo pela presença de Deus

Como é agradável o lugar da tua habitação, SENHOR dos Exércitos! A minha alma anela, e até desfalece, pelos átrios do SENHOR; o meu coração e o meu corpo cantam de alegria ao Deus vivo.” (Sl.84.1)

Todos os domingos, a igreja do Senhor Jesus, espalhada pela face da terra, se reúne para adorar o Senhor. O coração do cristão pulsa mais forte de anseio pelo encontro com Deus; a alma se alegra antecipadamente, como quem guarda amor profundo; e a mente abandona as preocupações e pensamentos seculares para preencher-se do conhecimento de Cristo.
Talvez estes fenômenos espirituais bio-emocionais, promovidos pelo muito amor a Deus, não estejam presentes em teus encontros com o Senhor, quando a igreja está reunida para adorá-lo, mas para os peregrinos do Salmo 84, o anseio por estar diante de Deus, em Seu Templo, era real.
Há razões históricas para o sentimento saudoso do salmista. A trajetória de Israel sempre esteve marcada pelos pecados da nação, seguidos de castigos divinos que visavam juízo para uns e disciplina para outros. E no meio desse ambiente desagradável, estava o remanescente fiel, aqueles que amavam a Deus de todo o coração, sofrendo os problemas da nação. Espalhados por entre povos pagãos como Daniel (Dn.1.1-6), perseguidos e desanimados como o profeta Elias (1Rs.19.4), os crentes do Antigo Testamento guardavam no coração o anelo pela presença do Senhor, representada pelo Templo de Jerusalém, onde encontrariam descanso para a alma atribulada.
Todo ano, os peregrinos de Deus viajavam muitos quilômetros para ir ao monte Sião, onde se encontrava o templo de Jerusalém. Durante a viagem, eles cantavam salmos ao Senhor, alegrando o coração para que não desanimassem na longa jornada; orando e clamando a Deus por força e proteção para continuarem na caminhada dura e perigosa; e preparando a alma para o encontro com o Senhor no templo.
Chegando ao templo, os peregrinos podiam descansar a alma diante de Deus, pois nEle encontravam “refúgio e fortaleza, socorre bem presente nas tribulações” (Sl.46.1). Como Ana, os viajantes colocavam seus anseios na presença do Senhor que é “benigno em todas as suas obras” (Sl.145.17), e aquietavam o coração, pois o Senhor dos Exércitos estava presente, o Deus de Jacó era o refúgio deles (Sl.46.11).
Tendo chegado a Jerusalém, os peregrinos podiam ver, nos arredores do templo e em seu teto, pardais e andorinhas morando com seus filhotes. Dia e noite aquelas pequenas aves estariam ali, na presença do Senhor. Mas, ao contrário desses pequeninos seres abençoados, os peregrinos teriam que retornar para a longínqua casa após o término da celebração do culto a Deus. Então, no coração restaria somente a saudade do Templo e dos momentos de adoração ao Deus de Israel.
Cristo é o perfeito templo do Deus vivo e verdadeiro, que substituiu o Templo de Israel com Sua morte e ressurreição (Jo.2.18.22). NEle está toda a glória de Deus, “porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade” (Cl.2.9). Ele é o “Deus conosco” anunciado pelo anjo a Maria (Mt.1.23) e somente por meio dEle o pecador pode ter acesso ao Pai (Jo.14.6).
Se o salmista, que contemplava o tabernáculo terreno, desejava tanto estar no Templo do Senhor, quanto mais devem desejar se encontrar com Cristo aqueles que esperam a Jerusalém celestial, o tabernáculo divino? (Ap.21.3). E enquanto o maravilhoso dia não chega, o coração do cristão se alegra nos momentos de adoração, quando Cristo está presente entre seu povo para abençoá-lo.
Em Cristo, os céus se abriram para receber os pecadores justificados por Seu precioso sangue (Rm.5.9). E tendo sido justificados, foram feitos templo do Senhor “como pedras vivas, na construçäo de um templo espiritual, para formarem um sacerdócio santo e oferecerem sacrifícios espirituais agradáveis a Deus” (1Pe.2.5). No Filho de Deus, o pecador experimenta a “boa, agradável e perfeita vontade de Deus” revelada em Sua Palavra e testificada por Seu Espírito (Rm.12.2). E, quando as lutas querem fazer o cristão desanimar, o pecador remido encontra socorro em Jesus, “pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados” (Hb.2.18).
Diante de tanta beleza e graça, de tanta misericórdia e benção, o cristão guarda em seu coração o constante desejo pela presença de Deus, e, todos os dias, suspira, dizendo ao Senhor com sua alma: “melhor é um dia nos teus átrios do que mil noutro lugar; prefiro ficar à porta da casa do meu Deus a habitar nas tendas dos ímpios” (Sl.84.10).

domingo, 18 de dezembro de 2011

Santidade ao Senhor

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe.2.9)

A igreja de Jesus é a menina dos “olhos do Senhor” (Dt.32.10), amada e cuidada, “tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito” (Ef.5.26-27). Pelo sangue de Cristo e regeneração do Espírito Santo, o cristão é irrepreensível ainda que não perfeito; santo, conquanto pecador; cidadão da Jerusalém celestial, não obstante viver num mundo que “jaz no maligno” (1Jo.5.19). Desfrutando da mediação de Jesus, o cristão é também chamado de sacerdote, e pela natureza de seu ofício, expõe em sua vida a inscrição: Santidade ao Senhor.
Esta mesma inscrição era carregada por Arão e seus descendentes. Em Êxodo 28, Moisés registra as ordenanças do Senhor a respeito das vestimentas de Arão e seus filhos, pois estes serviriam como sacerdotes do Deus altíssimo. Cada detalhe trazia consigo importante significado que representava a santidade do Deus em cuja presença o sacerdote estaria continuamente, exigindo deste sacerdote consagração diária e integral. No versículo 36, Deus determinou que se fizesse um diadema que seria preso, permanentemente, na parte da frente do turbante sacerdotal, contendo a seguinte frase: “Santidade ao SENHOR” (Ex.28.36).
Como mediadores entre o homem e Deus, os sacerdotes deveriam ter um coração misericordioso, cônscios de que o homem “é propenso para o mal” (Ex.32.22); além disso, a vida deveria ser irrepreensível, cientes de que “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos” (Is.6.3). Desta forma, os sacerdotes estariam aptos para representar o povo de Deus e interceder pela nação na presença do Senhor, a fim de alcançar Seu perdão e o resplandecer de Seu rosto sobre o povo.
Cristo é nosso glorioso e superior mediador. “Tendo sido nomeado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb.5.10), Jesus ofereceu a si mesmo uma única vez para satisfazer a justiça de Deus, sofrendo a devida punição pelos pecados de seu povo, tornando-se “semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo” (Hb.2.17). Ele entrou no santo dos santos, conhecendo em seu corpo as fraquezas da carne, e, sem nunca ter pecado, alcançou o perdão e as bênçãos eternas do Senhor para aqueles que Ele amou.
Sua obra foi perfeita e seus resultados eficazes, permanentemente. Por meio do Senhor Jesus há descanso para a alma afadigada, socorro para o atribulado, esperança para o perdido, “porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna” (Hb.4.15-16).
Portanto, em Cristo recebemos nova vida, justificados por Seu sangue e renovados por Seu Espírito. E esta nova vida que Cristo dá, além de agir em nós, age também por meio de nós. Em Jesus, fomos feitos um povo de sacerdotes, consagrados por Deus para uma vida santa e irrepreensível. Fomos revestidos, pelo lavar regenerador do Espírito, com alvas vestes purificadas no sangue do “cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo.1.29). Uma nova vida se fez, um povo santo foi constituído, e em cada coração há uma inscrição, gravada pelo sangue do cordeiro e impressa pelo poder renovador do Espírito Santo, que diz: Santidade ao Senhor.
Sublime glória pesa sobre esta expressão, pois revela que o cristão morreu para o mundo e seus pecados (Rm.6.4); indica a constante luta do discípulo contra a carne, consciente de sua dependência do poder do Espírito para vencê-la; qualifica os pensamentos e palavras que saem do novo coração; declara que as ações do servo de Deus são resultado de oração e reflexão, a fim de que em tudo glorifique o bom nome que um dia o libertou do império das trevas.
Todos os dias, no alvorecer da manhã, ao abrir a Palavra de Deus e entregar o coração ao Pai, serás lembrado de que és: Santidade ao Senhor. Então, deverás recordar, em teu íntimo, as Palavras do apóstolo, que diz: “já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que, agora, tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl.2.20).

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Procura-se homem e mulher de Deus

Muitos proclamam a sua própria benignidade; mas o homem fidedigno, quem o achará?
Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de finas jóias.” (Pv.20.6; 31.10)

O mês de dezembro é bastante movimentado. A corrida do ouro no comércio se intensifica, anunciando, num congestionamento de palavras soltas, suas muitas ofertas em mercadorias, procurando atrair clientes frenéticos para gastar o pouco dinheiro que receberam, ou receberão, a mais no 13º salário. Como a demanda dobra, em relação aos demais meses do ano, faz-se necessário, também, aumentar a mão de obra, portanto os jornais e placas informam: Procura-se vendedor, cozinheiro, contador, motorista, costureira, embalador, segurança..., e até, médico e advogado. Todos parecem encontrar um pequeno espaço; só não há mais vaga para político.
Findo o ano, os clientes começarão 2012 sem dinheiro e endividados. Outros estarão desempregados e a rotina da medíocre sociedade brasileira continuará até o final do ano, quando o brasileiro se achará “rico” outra vez, “construindo um mundo melhor” gastando o pouco dinheiro que tem. Os políticos continuam corruptos, os ricos avarentos, os bandidos à solta, a saúde sofrível, a segurança ineficaz, a educação ordinária, a cidade violenta, o pobre permanece marginalizado e o homem se acomoda em seu estado de miséria moral e ontológica.
Durante os 365 dias do ano, “toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias” (Rm.8.22), e multiplica-se o clamor da cidade, pois “o seu pecado se tem agravado muito” (Gn.18.20). O frenesi consumista mascara o vazio dos corações “sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef.2.12). E nesta carência social, encontra-se um anuncio: Procura-se homem e mulher de Deus que interceda e modifique a sociedade em que vive (Ez.22.30).
O livro de Provérbios pergunta retoricamente: “homem fidedigno, quem o achará?” e “Mulher virtuosa, quem a achara?” (Pv.20.6; 31.10). Qual a maior necessidade da sociedade? Será a melhoria na educação, saúde, segurança, ou, aumento do capital? Essas e outras carências seriam sanadas se o primeiro e maior problema do homem fosse resolvido: o pecado. Há guerra porque o coração humano é avarento, egoísta e odioso. Há pobreza porque em seu íntimo o homem é mesquinho, interesseiro e mau. Há corrupção porque as almas dos candidatos e eleitores estão corrompidas e cegas. O homem, então, vem destruindo a si mesmo no decurso dos séculos.
O mundo precisa de homens e mulheres de Deus. Em vez de vendedores, precisa-se de homem e mulher que dêem de graça a Palavra de Deus aos pecadores; em vez de cozinheiro procura-se pregador que alimente a multidão com o evangelho do Reino; em vez de contador necessita-se de homem que administre com fidelidade a dispensa de Deus; em vez de motorista carece-se de líder que conduza o rebanho do Senhor com a Sagrada Escritura; em vez de costureiros têm-se falta de servos e servas que vistam os pobres em suas necessidades; em vez de médicos faz-se urgente a presença de pastores que cuidem do corpo de Cristo, que é sua igreja.
Dezembro é um mês festivo, mas de todos os esforços que podem ser feitos pelas próprias comunidades eclesiásticas, Deus procura adoradores que O adorem em espírito e em verdade (Jo.4.23). Estes são os que obedecem a Sua Palavra, pois foram transformados pelo poder do Espírito Santo e sabem “que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros” (1Sm.15.22). A cidade precisa de homens e mulheres de Deus que orem por ela e dêem exemplo, apontando a santidade do Senhor aos pecadores perdidos, confusos e vazios.
Se você é este homem, ou mulher, de Deus, considere-se empregado e pronto para começar a obra, pois o Espírito Santo capacita seus servos e a Palavra ensina seus semeadores. Seus lábios serão propagadores das boas novas e sua nova vida, vitrine do poder de Deus. Contudo, se o seu coração está tão vazio e perdido quanto as almas dos demais pecadores, lance-se aos pés do Senhor Jesus, crendo, pois em meio às trevas Deus disse: haja luz; e houve luz (Gn.1.2,3); e do vale de ossos secos (Ez.37) o Senhor trouxe à existência seu exército. De um pequeno pecador, Deus pode fazer um grande pescador de homens (Lc.5.10).