Pages

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Descansa, minha alma, no Senhor


O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?” (Sl.27.1)

O dia está ensolarado e não há nuvens encobrindo o céu. O clima corrobora com o dia já bastante agradável, convidando a criação à gratidão. As árvores estão verde-frondosas e os pássaros se aconchegam em seus galhos, cantando louvores ao Criador que diariamente os sustenta. Os jardins estão floridos, anunciando a primavera. A vida na cidade flui naturalmente e, apesar do homem pecador, tudo parece correr normalmente a seu redor. No entanto, mesmo nesse cenário agradabilíssimo, convidando o coração a alegrar-se em Deus, sua alma se encontra abatida e seu interior em profunda aflição. Então, você pergunta: “Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?” (Sl.42.5).


O livro de Salmos está repleto de louvores ao Senhor. Contudo, mesmo engrandecendo a Deus, os salmistas também vertiam lágrimas em suas angústias perante o Senhor. Quem poderia compreender o que se passava no recôndito do coração? Quem poderia livra-los das mais profundas angústias que afogavam a alma? Há feridas no coração e na alma humana que não podem ser vistas. Há lutas que são travadas no mais íntimo do ser, e que são ignoradas por todos ao redor. Então, “elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do SENHOR, que fez o céu e a terra” (Sl.12.1-2).


Como ocorrera diversas vezes, Davi estava sendo perseguido injustamente, correndo perigo de morte. Ele não fizera mal algum contra seus adversários, mas atraíra desprezo e ódio daqueles que queriam destruí-lo. Então, novamente, Davi eleva sua voz em clamor àquele que lhe dera vitória em dias passados, livrando-o de um urso, de um leão e do gigante Golias (1Sm.17.34-37,45-51). E mesmo que lhe fosse possível, Davi não confiava na força do homem, nem muito menos procurava resolver seu problema com as próprias mãos. Ele confia no Senhor: “pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha” (Sl.27.5). 


Não havia melhor refúgio para recorrer na hora da angústia. Davi tem a plena certeza de que Deus está presente em sua vida, principalmente nos momentos mais difíceis, como ele afirma no Salmo 23.4: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam”. Davi, então, derrama sua alma perante o Senhor e lhe entrega o fôlego de vida em suas mãos. Na fraqueza, o Senhor revelaria sua força e seu poder, e as Palavras de Deus ecoariam em seu coração tal qual Paulo fora consolado: “a minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co.12.9).


Ainda que aflito, o salmista reflete o coração de um homem seguro em Deus: “O SENHOR é a minha luz e a minha salvação” (Sl.27.1). Apesar de muitíssimo atribulado, Davi descansava seu coração no Senhor, na certeza de que estava diante daquele que ouve as orações dos aflitos, conforme Salomão, seu filho, expressará posteriormente: “Ele tem piedade do fraco e do necessitado e salva a alma aos indigentes. Redime a sua alma da opressão e da violência, e precioso lhe é o sangue deles” (Sl.72.13-14). Em tempos antigos, Deus ouvira o clamor de uma mulher atribulada (Ana) e lhe atendera a petição de seu coração, dando-lhe um filho. A esse filho, Ana chamou Samuel que significa: Deus ouviu (1Sm.1-2).


Essa é a grande esperança dos filhos de Deus: o Senhor Todo-Poderoso ouve o clamor daqueles que esperam por Ele para os socorrer, manifestando sua graça e poder, sua bondade e glória na vida dos pequeninos pecadores:


Salmo 146:7 - 10 SENHOR liberta os encarcerados.  8 O SENHOR abre os olhos aos cegos, o SENHOR levanta os abatidos, o SENHOR ama os justos.  9 O SENHOR guarda o peregrino, ampara o órfão e a viúva, porém transtorna o caminho dos ímpios.  10 O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina de geração em geração. Aleluia!


A Palavra de Deus registrara as muitas vitórias que o Senhor concedera a Israel no passado (Ex.15; Js.6.24; 8.24; 10.11-43; 11.8,21; 12.9-24). Cada uma dessas vitórias falava ao coração de Davi como as Palavras de Deus a Josué: “Sê forte e corajoso; não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Js.1.9). Deus deixou memoriais que lembram sua graça e seu poder libertador, para com aqueles que Ele ama. Ainda que todos a seu redor o abandonassem, ainda que ninguém o amasse, e até mesmo seus pais não o socorressem no dia da angústia e tribulação do coração, o Senhor o acolheria e com terno amor o socorreria: “Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me acolherá” (Sl.27.10). 


Não havia impossíveis para o Senhor. Deus criara todas as coisas com o poder de sua Palavra. E com esse mesmo poder interveio diversas vezes na história de seu povo, dando-lhe vitória sobre todos os adversários, até mesmo quando fora necessário parar todo o universo: “E o sol se deteve, e a lua parou até que o povo se vingou de seus inimigos” (Js.10.13). Todos os grandes feitos do Senhor traziam segurança, conforto e esperança para o coração atribulado de Davi que clamava a Deus por livramento dos males que o acometiam. Da mesma forma como Deus libertara Israel da tirania de Faraó, no Egito, também era poderoso para o socorrer, livrando-o de seus algozes.


Desse modo, Davi esperava que, com equidade Deus julgasse seu caso perante a falsidade de seus inimigos: “quando malfeitores me sobrevêm para me destruir, meus opressores e inimigos, eles é que tropeçam e caem” (Sl.27.2). Ainda que a maldade de seus inimigos estivesse oculta aos homens, Deus sabia o quanto Davi sofria nas mãos de seus adversários. Portanto, ele clama àquele que tudo vê, a fim de que também contemple com graça a angústia de seu coração e lhe traga grande livramento. E assim, mais uma vez, Davi louvaria ao Senhor por sua graça e poder.


O Salmo 27 traz grande conforto para o atribulado de coração, oferecendo caminho certo para a graça divina. Ainda que Davi esteja orando e clamando, seu propósito com o Salmo é, também, testemunhar a graça e o poder de Deus em sua vida, a fim de que os filhos de Deus encontrem alento em seu testemunho. Davi demonstra entendimento de que tudo em nossas vidas tem o propósito de glorificar a Deus e, então, faz, de suas experiências agraciadas pela bondade de Deus, um instrumento para fortalecimento de todo aquele que precisa do operar de Deus em sua vida.


É notório, desde o início do Salmo, que Davi conhecia e experimentara a Salvação de Deus. Davi andava com Deus, como Enoque andou (Gn.5.22), desfrutando da graciosa comunhão divina (Sl.27.4). Ele já havia provado e visto “que o SENHOR é bom; bem-aventurado o homem que nele se refugia” (Sl.34.8). Sua relação com Deus é vista em suas constantes e profundas orações, em sua dependência total do Senhor, em sua obediência a Deus e em seu coração sempre quebrantado diante do Senhor. Davi era o grande rei da nação, mas quem reinava sobre seu coração era o Deus de Israel. 


E você, já conhece o Senhor? Não me refiro apenas a ter ouvido falar dEle (Jó.42.5), mas a “andar humildemente com o Senhor” (Mq.6.8). Lembre-se que a “intimidade do SENHOR é para os que o temem, aos quais ele dará a conhecer a sua aliança” (Sl.25.14). Davi conhecia o Senhor e andava com Ele. A soberania, a justiça, o poder e a salvação de Deus estavam diante de seus olhos. A graça e a misericórdia, o amor e a bondade, a alegria e a paz do Senhor envolviam o coração de Davi, numa experiência de intimidade com Deus. Como uma criança se esconde atrás de seus pais, Davi se refugiava no Senhor quando seus inimigos vinham contra ele. Seus temores eram lançados em Deus e seu coração se acalmava na presença dEle. Seu conhecimento e sua experiência com Deus o conduziam a buscar o Senhor insistentemente, na certeza de que o Espírito Santo estaria conduzindo-o em cada oração: “Ao meu coração me ocorre: Buscai a minha presença; buscarei, pois, SENHOR, a tua presença” (Sl.27.8).


A oração é o meio pelo qual Deus abençoa seu povo. Ela proclama o poder de Deus e a necessidade humana de depender de Sua graça. Por meio da oração, os povos veem que Deus habita no meio de seu povo e lhes atende o clamor, com graça e misericórdia. Por meio da oração, os fenômenos da vida são identificados com o agir de Deus e ao pecador é anunciada sua grandeza. Por meio da oração, Deus intervém na história do homem, revelando seus poderosos feitos àqueles que o amam. Deus incomoda o coração do salmista para buscar Sua graciosa presença, a fim de atender-lhe o clamor, socorrendo-o no momento de sua necessidade. Davi atende o chamado de Deus à oração e proclama sua confiança em Deus.


E você, em que (ou quem) confia? Os incrédulos confiam tão somente em suas próprias mãos. No entanto, Deus diz: “Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!” (Jr.17.5). Por maior que seja o homem na Terra, não há nele a salvação: “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em quem não há salvação” (Sl.146.3). O dinheiro não o socorrerá no dia da angústia; os poderosos não o livrarão no dia da tribulação. E por mais “ansioso que estejas”, não podes “acrescentar um côvado ao curso da sua vida?” (Mt.6.27). Portanto, volta seus olhos ao Senhor e volte-se de todo coração para Ele, pois é “compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade” (Ex.34.6).


Bendito o homem que confia no SENHOR e cuja esperança é o SENHOR” (Jr.17.7). No dia da angustia “buscai o SENHOR e o seu poder, buscai perpetuamente a sua presença” (1 Cr.16.11). Derrame seu coração perante aquele que prometeu ser achado pelos que o buscam em verdade (Jr.29.13,14). Acalme sua alma, “espera pelo SENHOR, e ele te livrará” (Pv.20.22). E, quando menos esperar, o Senhor estará conduzindo sua vida por “pastos verdejantes” e “águas de descanso” (Sl.23.2). Portanto, “Espera pelo SENHOR, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo SENHOR” (Sl.27.14).

Nenhum comentário:

Postar um comentário